Excelente matéria da Folha de São Paulo (20/07/08) sobre o “plano de contingência” que todas as empresas (inclusive pequenas e médias) deveriam ter:
“Villaça, a Telefônica está com problemas”
“Mas aqui a situação já foi resolvida, impacto zero para os clientes.”Essa é a frase que não teria preço para os empresários na lista dos cerca de 2,4 milhões de assinantes do Speedy, da Telefônica, que tiveram o serviço de internet suspenso por 36horas, entre os últimos dias 2 e 3. O privilégio de tê-la ouvido foi do diretor de tecnologia da informação da Check Express, Luiz Alberto Villaça, que recebeu a ligação enquanto se reunia como presidente da empresa e continuou tranqüilamente a resolveros assuntos do dia.
Sem um plano de redundância da rede que consiste em possuir equipamentos e fornecedores duplicados, essa tranqüilidade seria impensável. Com 50 mil pontos de clientes e milhões de transações mensais, a Check Express faz serviços de crédito, pagamentos e certificações. “Como usamos dois provedores emtempo real, continuamos o atendimento sem nenhum problema”, diz Villaça.
A estratégia de montar um plano de continuidade de negócios (BCP, na sigla em inglês) é, segundo consultores ouvidos pela Folha, a mais adequada para evitar transtornos como o ocorrido no início deste mês. Para isso, o empresário pode contar comdiferentes níveis de segurança. O mais recomendado é que seja feita uma avaliação dos pontos críticos para o funcionamento dos negócios caso o acesso à rede caia.
A partir dos diferentes cenários, a empresa deve montar umsistemade redundância.
Além de escolher diferentes provedores, é importante pensar na estrutura da rede. Equipamentos como roteadores e programas que identificam um possível mau funcionamento devem ser obtidos de acordo como plano de continuidade.O apagão da Telefônica foi somente uma das causas da enxaqueca que pegou muitos empresários desprevenidos. Nas últimas semanas, notícias como a da Lei Seca, da proibição de circulação de caminhões em São Paulo e da greve dos funcionários dos Correios vêm causando a revisão -em geral, para baixo- do faturamento.
Para que o caos não tome conta das empresas em situações adversas como essas, a palavra de ordem é planejamento. E quem pulou essa fase, avaliam consultores ouvidos pela Folha, deve transformar adversidades em oportunidades. O professor de empreendedorismo da BSP (Business School São Paulo) Álvaro Mello é radical: “Quem se acomodar e não souber reagir terá de mudar de ramo ou quebrará”.
Claudinei Santos, professor de planejamento estratégico da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), aconselha compartilhar moderadamente as despesas causadas pelos ajustes a essas situações. “Onerar demais o cliente não resolve o problema”, alerta.
Atitude
Reflexo da Lei Seca, há poucos dias o “wine-bar” Prazeres do Vinho implantou um sistema de “leva-e-traz”: dois táxis conveniados buscam os clientes agendados em Moema, zona sul, e os levam de volta depois. “É preciso ficar atento e não demorar a tomar uma atitude”, opina o gerente, Eduardo Nogueira. Como o gasto médio fica acima de R$ 100 por pessoa, ele afirma conseguir absorver os custos do serviço.Já o proprietário do Josephine Bistrô, Jesse de Andrade, 55, descarta soluções como essa. “Teria de arcar com as conseqüências caso um assalto ocorresse no trajeto”, exemplifica.
Prevenção
O plano de contingência não é um trabalho para ser feito depois da crise e, sim, antes, ressalta o consultor de segurança de negócios PauloBeck. Para se prevenir, ele sugere replicar o banco de dados, os principais equipamentos, os servidores e os roteadores. O empresário que quiser enfrentar com sucessouma situação de crise também não pode deixar de cuidar da gestão. As empresas se preocupam muito coma tecnologia, mas se esquecem do essencial: as pessoas e os processos, destaca Alan Scofield, gerente de negócios da Sion People Center.
Afinal, convenhamos: quantas vezes você, caro leitor, não ouviu a desculpa “não posso fazer nada agora, senhor(a), pois o sistema caiu” ao ligar para um banco, operadora de cartão de crédito, TV por assinatura etc…. Que maldito sistema é esse que sempre “cai” exatamente na hora em que o consumidor liga ?
Será que as empresas não têm nenhuma alternativa ao “sistema que caiu” ?
Falta de um plano de contingências ou desculpa esfarrapada ?